terça-feira, 17 de março de 2015

Por que propus o programa?

Canções me fascinam desde menino. Mas, foi na adolescência que descobri o outro lado da música. Bem diversa daquela de todas as horas, que ouvia no rádio, cantava na igreja, na escola, nos acampamentos e que tentava tocar no bandolim, essa outra música era chamada por muitos (inclusive, sim, alguns professores) de "música pra dormir".

Como dormir com essa música?! Ela me despertou numa certa manhã do outono de 1965 – era uma das suítes Música aquática de Händel – e me transportou para uma espécie de universo paralelo do qual nunca mais abri mão: a linguagem dos sons.

Tornei-me estudante de música. Se não resultei músico, virei um bom ouvinte.

Gosto sobretudo da música de hoje. Mas, me fascinam as obras do patrimônio que herdamos dos séculos anteriores, inclusive aqueles vestígios remotíssimos da música dos nossos ancestrais, que os pesquisadores têm conseguido reconstituir nos últimos anos.

Depois que descobri a atitude necessária para ouvir a música do presente, comecei a sentir que ela me fala mais fundo, porque usa um vocabulário sonoro que só se tornou possível hoje – que jamais pôde estar ao alcance dos compositores e ouvintes do passado.

Foi um pouco pelo desejo de compartilhar esta percepção com outros apaixonados pela música que uns chamam de "clássica", alguns de "erudita", outros de "música de concerto" – designações que adotei sem maiores questionamentos – que realizei o projeto Música Clássica na Joinville Cultural. Este indicador de compositores, de obras e de ideias é minha singela contribuição para promover esta outra música, que embala não o meu sono, mas a minha mais gratificante vigília.

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